Onde pára a minha mente criativa?

A necessidade da construção de coisas inúteis. Foi este o tema escolhido pela Simone Giertz para a sua palestra no TED talks. No seu caso, foi esta "necessidade" que serviu de escape e a ajudou a retirar a pressão que colocava em si mesma para atingir o sucesso. A partir daqui acabou por criar o seu canal no Youtube onde mostra as suas invenções (e de forma bastante divertida e original se me perguntarem). 

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Simone Giertz (Via TED)

A camisola feita com googly eyes, o cortador de legumes ou o capacete para lavagem automática dos dentes foram algumas das "coisas" que mostrou durante o seu discurso, e que certamente surgiram graças à sua criatividade e paixão pela robótica. Confesso que senti um bocadinho de inveja. Não que queira construir robôs ou dar uma palestra - pelo menos por agora -  mas pela aparente facilidade que ela parece ter em criar e ter por conseguir fazer algo com o que a apaixona. Penso que esta é sem dúvida a chave para o sucesso.

Isto levou-me a questionar a minha própria capacidade de criação. Acabei por recordar a minha infância e parece que em criança era fácil inventar as mais estapafúrdias formas de me entreter, de brincar sozinha com as minhas bonecas e haver grandes enredos de ação (talvez ao nível das novelas da noite em horário nobre) e também de conseguir desenhar qualquer coisa numa folha em branco. Mas à medida que fui crescendo esta capacidade foi desaparecendo e quase nem dei por isso. A minha criatividade foi atrofiando tal qual um músculo que deixou de ser exercitado, e espero fortemente que outros consigam relacionar-se com o que estou a partilhar (não todos, mas ninguém gosta de se sentir só!). E porque acontece isto? Não me parece que ao nascer nos seja entregue um bloco de senhas de criatividade e que eu tenha gasto as minhas todas na infância!
"Estás sempre agarrada ao computador! Larga o telemóvel!" - diria a minha mãe e talvez com razão.
Muito graças a estes estímulos que nos distraem e ocupam a nossa mente deixamos de nos sentir aborrecidos. Pelo menos aborrecidos ao ponto em que o nosso cérebro tem que inventar algo para se distrair, isto será mais visível nas gerações próximas da minha e que estiveram - ou estão - mais dependentes das novas tecnologias e aplicações que existem para tudo e para nada. Obviamente que beneficiamos imenso com elas e não quero com isto dizer que ache que não as deveríamos usar! Todas elas, quando bem usadas e com moderação, são valiosas. O problema está (como em tudo!) nos exageros.

Hoje em dia qual é a nossa primeira ação quando nos sentimos aborrecidos ou sem nada para fazer? Pegar no telemóvel e ir deslizando pelos feeds das várias redes sociais... Por mim falo! Se estou à espera de alguém, a fazer tempo no café ou na pausa do trabalho lá pego eu no telemóvel quase sem dar por ela. 
via GIPHY

Com isto o nosso cérebro aborrecido lá vai ficando entretido com informação - maioritariamente - desnecessária e deixa de ser necessário criar outras formas de passar o tempo. Fácil e instantâneo. É isto que ele procura. Algo pouco trabalhoso e que se obtenha de forma fácil e rápida. Lentamente vai-se aniquilando a mente criativa e quando até precisamos dela não há pinga de ideia que venha à mente.
Quantas ideias geniais não poderei eu já ter deixado escapar? 😭

Não faç'ideia

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